A propósito dessa proposta que está sendo gestada no interior do
governo federal, a de abrir a possibilidade de “empregos parciais” terem
carteira assinada, lembrei de um argumento do professor Marcio Pochmann que tem efeito demolidor sobre a má ideia do governo.
Pochmann, de posse de diversos dados e à luz das novas tecnologias,
diz que o Brasil está pronto para uma jornada de 12 horas semanais –
três dias, quatro horas por dia – sem nenhum prejuízo para as empresas e
sem a necessidade de cortar salários etc, ao contrário do que pressupõe
esse projeto do governo.
Ou seja, o mercado de trabalho abre, segundo o professor, a
possibilidade de acolher a todos e ainda criar uma nova realidade,
semelhante àquela imaginada por Marx e Engels (“fazer hoje uma coisa,
amanhã outra, caçar de manhã, pescar à tarde, pastorear à noite, fazer
crítica depois da refeição, e tudo isto a meu bel-prazer, sem por isso
me tornar exclusivamente caçador, pescador ou crítico”).
A proposta do governo, se levada adiante, facilitaria ainda mais para
que os empregadores manipulem o chamado exército de reserva, inclusive
aumentando suas fileiras ao transformar o maior número possível de vagas
de trabalho em “emprego parcial” ou temporário. E tudo isso com a
vantagem de se eximir de culpa, através do truque barato, contido na
proposta, de “dar carteira assinada para quem não tem”.
Crédito: Revista Forum
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