Nesta quinta-feira, as mulheres da Via Campesina
realizaram protestos em 11 estados, além do Distrito Federal, para
marcar o Dia Internacional de Luta das Mulheres, cobrando da presidenta
Dilma Rousseff a realização da Reforma Agrária, um novo modelo
agrícola baseado em pequenas propriedades e o veto das mudanças no
Código Florestal.
Dentre as mobilizações, somam-se quatro
ocupações (de dois latifúndios, um engenho e uma empresa), três
protestos no Incra (com duas ocupações) e quatro marchas (abaixo, saiba
mais das ações)
As manifestações, que fazem parte da Jornada
Nacional de Lutas das Mulheres Camponesas, foram realizada em
Pernambuco, Sergipe, Ceará, Alagoas, Minas Gerais, São Paulo, Paraíba,
Santa Catarina, Pará, Espírito Santo e Mato Grosso do Sul.
“A nossa mobilização tem o sentido de exigir um
veto da presidente Dilma em relação às alterações do Código Florestal,
além de denunciar os impactos nocivos dos agrotóxicos para a saúde das
trabalhadoras rurais, das comunidades do campo e para a saúde dos
consumidores de alimentos nas cidades”, afirma Kelli Mafort, do setor
de gênero do MST.
Desde o começo da semana, aconteceram
duas marchas (Brasília e Tocantins) e oito ocupações (da Embrapa em
Goiás, do Ministério da Fazenda em Porto Alegre, do Incra e do Itesp no
interior de São Paulo, do Incra em Marabá e Curitiba, no reservatório
da Companhia Hidroelétrica do São Francisco (Chesf) em Petrolândia/PE e
da fazenda da Suzano em Alcobaça/BA), além de encontros de mulheres.
Em toda a jornada, a Via Campesina mobilizou mulheres em Brasília e
em 17 estados (Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo,
Minas Gerais, Espírito Santos, Bahia, Sergipe, Alagoas, Pernambuco,
Paraíba, Rio Grande do Norte, Ceará, Maranhão, Pará, Goiás, Mato Grosso
do Sul).
Ações nos estados
Três ações marcaram o estado de Pernambuco, nesta quinta-feira. No
município de Gameleira, na mata sul do estado, 300 mulheres ocuparam o
Engenho Pereira Grande, que pertence a Usina Estreliana, em protesto
contra o modelo do monocultivo da cana de açúcar e o trabalho escravo
no estado.
Já em Petrolina, cerca de 500 camponesas do MST de todo o sertão de
Pernambucano ocuparam a fazenda da empresa Copa Fruit. Paralelamente,
por volta de outras 300 mulheres da Via Campesina também ocuparam a
sede do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), em
Recife.
Em Aracaju, cerca de 1.200 mulheres partiram em marcha do
assentamento Quissamã, no município de São Cristóvão, a 17 km da
capital, para realizar uma manifestação no centro da capital, na sede
do Incra. A ação reivindica medidas concretas para que a Reforma
Agrária, efetivamente, deixe de ser uma promessa e torne-se uma
realização. Para isso, as mulheres do MST entregarão uma pauta com
reivindicações aos representantes do Incra.
Em Maceió (AL), 1.200 trabalhadoras rurais ocuparam a sede do
Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais
Renováveis (IbamAa), ocupação do Ibama denuncia os riscos da aprovação
das alterações no Código Florestal, orientadas pelo setor ruralista, ao
passo que cobram da Presidenta Dilma seu compromisso em vetar
integralmente o projeto.
Em Planaltina (DF), 600 trabalhadoras rurais Sem Terra ocuparam, na
manhã desta quinta-feira, a fazenda Toca da Raposa, para reivindicar a
destinação da área para assentamento e a aceleração do processo de
Reforma Agrária. As camponesas denunciam que parte das terras da
fazenda pertence à União e foi grilada pelo produtor de soja Mário
Zanatta. Em novembro de 2004, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e
dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) apreendeu mais de meia
tonelada de agrotóxico contrabandeado no local.
Em Belo Horizonte, 500 mulheres da Via Campesina e da Marcha
Mundial das Mulheres ocuparam a sede do Incra em Minas Gerais, para
cobrar agilidade na Reforma Agrária, o assentamento das 3.700 famílias
vivem em condições precárias em 50 áreas de acampamento no estado à
espera da reforma agrária. Há seis anos nenhuma área é destinada a este
fim em Minas Gerais.
Em Fortaleza (CE), 600 mulheres do MST bloquearam a Avenida
Washington Soares, no Bairro Edson Queiroz, na manhã desta quinta-feira
(8). O protesto exige que a presidenta Dilma Rousseff faça um veto
integral às mudanças no Código Florestal, propostas pela bancada
ruralista no Congresso Nacional.
Em São Paulo (SP), cerca de 500 mulheres do MST, junto com diversas
entidades parceiras, se reúnem em frente ao Tribunal de Justiça de São
Paulo, no final da manhã desta quinta-feira (8/3), no centro da
capital paulista, para denunciar que setores do Poder Judiciário
impedem a efetivação da desapropriação de áreas para a criação de
assentamentos para a Reforma Agrária. Atualmente, em todo o Brasil, 193
áreas se encontram com processos judiciais que impedem aquisição pelo
Incra, somando mais de 986 mil hectares de terras, em todo o País, que
dependem da Justiça para a sua liberação para a Reforma Agrária.
Em Dourados, cerca de 200 mulheres de todo estado de Mato Grosso do
Sul saíram às ruas em protesto contra o uso de agrotóxicos. Com
faixas, cartazes, e batuques, elas fizeram passeata pela avenida
Marcelino Pires. Muitas estavam utilizando máscaras de proteção e
desenhos em forma de caveira, uma maneira encontrada para demonstrar a
preocupação com a saúde no campo.
Por Página do MST
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