Apresentamos à sociedade o
Programa do Partido Comunista Brasileiro (PCB) para o estado de Pernambuco
estruturado em cinco eixos principais. Ele foi o resultado de um amplo debate
da militância do PCB e de representantes de vários setores da sociedade que
comungam com o nosso ideário. Não o definimos como um documento pronto e
acabado. Sua construção será um processo permanente, estando sempre aberto a
críticas e sugestões.
ALTERNATIVA SOCIALISTA
No mundo atual desenvolvem-se rapidamente as novas
descobertas científicas e tecnológicas que poderiam beneficiar toda a população
do planeta. Entretanto, a crescente concentração de riqueza nas mãos de uma
minoria condena a maior parte da humanidade a uma contínua exclusão dos mais
elementares direitos à existência.
O capitalismo, hoje dominante, se guia unicamente para
a obtenção de lucros cada vez maiores, dispensando pouca ou nenhuma atenção com
o desenvolvimento humano. Por toda a parte acumulam-se os problemas de
desemprego, de redução de direitos trabalhistas, de moradia, de acesso à terra
e à alimentação, dos serviços de educação e saúde, da degradação ambiental, da
violência urbana, das desigualdades sociais e regionais e de guerras
localizadas.
No Brasil o cenário não é diferente. Nos 12 últimos anos os 10% mais ricos da
população brasileira saltaram de 53% de riqueza para mais de 75%.
Pernambuco não foge a esta realidade: serviço de saúde
precário, mobilidade urbana caótica, péssimos desempenhos na educação e na
segurança pública, trabalhadores rurais sem acesso à terra, alto custo de vida,
enfim tudo o que afeta a imensa maioria da população.
No capitalismo, as demandas essenciais do conjunto da
população, tais como saúde, educação, transporte, moradia, entre outras, são
tratadas como mercadorias e o indivíduo vale apenas pelo que ele é capaz de
consumir.
Portanto, a superação do capitalismo pelo socialismo
não é apenas uma necessidade. É uma exigência para que possamos iniciar a
construção de uma sociedade igualitária, justa e fraterna.
Cabe ao povo ser o protagonista dessa mudança,
unificando suas lutas específicas numa grande plataforma global que viabilize a
instituição de uma alternativa socialista para o Brasil.
O programa do Partido Comunista Brasileiro (PCB) para
o governo do Estado de Pernambuco está focado em cinco eixos principais:
1. PODER POPULAR
O poder no Brasil esteve sempre nas mãos das classes
dominantes, não havendo espaço para a intervenção direta da população. O modelo
brasileiro, historicamente elitista, excludente e concentrador de renda, não
permite que o povo exerça seu direito legítimo de decidir sobre os destinos do
país, restringindo sua participação ao exercício do voto num sistema eleitoral
que privilegia apenas os ricos.
As instituições existentes que sugerem uma
participação popular, a exemplo dos diversos tipos de conselhos, dos orçamentos
participativos e a recente proposta do governo federal em torno de uma Política
Nacional de Participação Popular Conselho Popular-PNPS, apenas simulam espaços
democráticos de participação do povo. Na realidade, são instrumentos
controlados e monitorados que visam manipular e legitimar as políticas do
governo e dos grandes empresários. Com maioria de representação, governo e
empresários decidem o que querem. A participação popular aparece apenas para
encobrir a manobra vertical e autoritária.
O PCB defende a criação
de Conselhos Populares com novo formato, que propicie a criação de mecanismos
sociais que permita a população ocupar efetivamente seu espaço nas decisões
sobre os rumos do país, dos estados, das regiões, das cidades e das suas
comunidades e devem ser constituídos para dar unidade a diversidade das lutas
sociais, sindicais e outras formas de organização popular, com poder de influir
no planejamento, programação e monitoramento da ação do governo.
A premissa fundamental é que os governos forneçam
formação e informação ampla e transparente sobre como funciona o Estado e suas
instituições através da criação de espaços públicos em que todos os dados
financeiros e administrativos do governo sejam disponibilizados para todo o
povo.
O formato destes conselhos, a forma de escolha de sua
representação e a regra de participação será resultado de um amplo debate com a
população, que definirá o modelo a ser empreendido.
A princípio, estes Conselhos serão estabelecidos em
dois níveis: Os Conselhos Gerais, destinados a definir e acompanhar as grandes
políticas públicas e os Conselhos Setoriais que irão abranger temas específicos
como meio ambiente, segurança, saúde, educação, mobilidade urbana, acesso à
terra, assistência social, luta pela igualdade das mulheres, etnias, idosos,
pessoas com deficiência, etc.
Os Conselhos terão como princípio basilar a
proporcionalidade das classes na sua composição, obedecendo aos percentuais de
participação de cada segmento envolvido. Só assim estará garantida a
participação majoritária do povo sob a hegemonia dos trabalhadores tornando
possível a efetiva construção de um Poder Popular no Brasil.
2. ECONOMIA PÚBLICA SUSTENTÁVEL
Na lógica perversa do capitalismo, crescimento econômico
é sinônimo de prosperidade e deve ser instituído a qualquer custo. O resultado,
como demonstra a história, é o aumento da concentração de renda, da riqueza e
do poder político e a permanência de um desemprego estrutural.
Com o modelo de capitalismo dependente que o país
adota hoje, é estabelecida uma trajetória de baixo crescimento da economia,
ampliando o desemprego e reduzindo a renda dos trabalhadores. Não é imaginável
que um governo estadual consiga romper, sozinho, com um modelo dependente, que
é nacional, mas é plenamente possível tomar iniciativas voltadas para o
fortalecimento da economia pública segundo uma lógica anticapitalista.
A economia do Estado é demasiadamente concentrada.
Apenas 10 dos 184 municípios do estado respondem por mais de 70% do Produto
Interno Bruto (PIB), havendo a necessidade urgente de descentralizar o
desenvolvimento estabelecendo uma cadeia produtiva de micros, pequenas e médias
empresas a partir da ação do Estado, em especial fomentando estabelecimentos da
economia solidária.
No afã de atrair investimentos, o governo de
Pernambuco promove uma verdadeira farra de isenções fiscais para grandes
empresas que comumente pagam baixos salários, desrespeitam os direitos
trabalhistas e agridem o meio ambiente.
Os chamados Polos de Desenvolvimento localizados no
interior, como o gesseiro na região de Araripina e o de confecções no Agreste
estão marcados pela utilização em larga escala de trabalho semiescravo, pelo
desrespeito a legislação trabalhista e pelos impactos ambientais devastadores,
especialmente em torno do desmatamento e da poluição dos rios.
Na Zona da Mata permanece intensificada a predatória
cultura da cana-de-açúcar, no exercício de uma monocultura que só favorece o
enriquecimento dos usineiros. Além de excludente e concentrador de renda, o
modelo destrói o meio ambiente de forma avassaladora e mantém os trabalhadores
rurais em regime de semiescravidão, concedendo a estes uma ocupação sazonal de
apenas seis meses por ano.
No Agreste o minifúndio impera dificultando a ação
produtiva e no Sertão, a terra continua concentrada nas mãos de grandes
proprietários rurais e latifundiários. Além de sofrerem com o problema da seca,
os camponeses, assim como os indígenas, sofrem todo tipo de violência por parte
desses segmentos ultrarreacionários.
Nos grandes centros urbanos cresce o emprego informal.
A falta de empregos leva cada vez mais pessoas a procurarem atividades
alternativas que garantam sua sobrevivência.
O PCB defende o conceito de desenvolvimento econômico
sustentável e não apenas crescimento, uma vez que as atividades econômicas
devem levar em conta a sustentabilidade ambiental, a qualidade de vida e o
incremento de iniciativas tecnológicas voltadas para a melhoria das condições
de trabalho e de uma remuneração que implique em uma redistribuição de renda,
desconcentrando-a.
Para assegurar o desenvolvimento econômico sustentável
do Estado, o PCB propõe as seguintes iniciativas:
● Desmonte gradual e progressivo da atual política de
isenções fiscais para as grandes empresas;
● Realização de uma auditoria para fundamentar um plano
de reestruturação da dívida pública estadual, visando reduzir os recursos
perdidos com o pagamento de juros de uma dívida duvidosa, questionável e que só
promove a concentração de renda e de poder político e enfraquece a capacidade
de investimento e custeio de atividades de grande alcance social;
●
Combate à sonegação fiscal, e luta por uma tributação progressiva (os ricos
pagam mais, os pobres pagam menos);
●
Promoção da diversificação e da interiorização da estrutura econômica, criando
empresas estatais a partir do fortalecimento da economia pública e fomentando
entidades produtivas da economia solidária como iniciativa, inclusive, de
combate ao desemprego;
●
Revisão imediata do modelo das PPP (Parcerias Pública e Privada), pois nelas o
governo entra com a receita e os lucros vão para o setor privado;
●
Apoio e incentivo as experiências populares, a exemplo da rede Economia
Solidária, que tem promovido diversas atividades coletivas de trabalho em
artesanato, apicultura, pesca artesanal, alimentos orgânicos, confecções, entre
outras;
●
Apoio e suporte técnico para cooperativas de pequenos agricultores, com
introdução de recursos tecnológicos e de gestão em parceria com as
universidades públicas;
●
Reforma Agrária no Estado, numa alternativa anti-latifundiária, orientada para
a produção de alimentos para o mercado interno, com a preservação do meio
ambiente e cuidados com a saúde pública;
●
Aumento do número de técnicos agrícolas para acompanhar os assentamentos e
melhorar o desempenho da agricultura familiar com a ação estadual e municipal
visando o banimento do uso indiscriminado de agrotóxicos;
●
Valorização do setor pesqueiro (captura e aquicultura) do Estado, fornecendo
tecnologia e incentivando a formação de cooperativas;
●
Fim da repressão aos trabalhadores informais (camelôs). Como ação de curto
prazo, promover o ordenamento do comércio informal com a criação de mais
mercados e centros públicos de venda com condições sanitárias adequadas.
Promover cursos de capacitação para os trabalhadores desse segmento para
melhorar a qualidade dos serviços prestados e orientação e capacitação para o
exercício de outras atividades;
●
Desenvolvimento de uma política de valorização do serviço público, com redução
das diferenças salariais e redução da jornada semanal de trabalho para 30 horas;
●
Socialização do trabalho doméstico com a universalização do direito a creche de
qualidade, criação de uma rede de lavanderias públicas a baixo custo e de uma
rede de restaurantes populares;
●
Luta e ação pela reestatização da Celpe e do Bandepe;
●
Fortalecer a Compesa com imposição de planejamento a curto, médio e longo
prazo, a fim de universalizar a distribuição de água tratada e implantar esgoto
sanitário, em conjunto com os municípios;
3. QUESTÃO AMBIENTAL
A defesa do meio ambiente, sua preservação e sua
recuperação, deixaram de ser atividades restritas aos ativistas ecológicos. A
impiedosa devastação ambiental provocada pelo modelo de desenvolvimento
capitalista coloca em risco o próprio futuro do planeta.
Pernambuco possui dois importantes biomas: a Mata
Atlântica e a Caatinga. Segundo a entidade Conservação Ambiental, a Mata
Atlântica ocupa o primeiro lugar nos ranking das dez florestas mais ameaçadas
do mundo. Em Pernambuco ela já chegou a representar 18% do território. Hoje
está reduzida a 3%. A produção da cana-de-açúcar foi e é a maior responsável
por esta devastação implacável. Muitas espécies da flora e da fauna foram
aniquiladas e muitas outras estão sob o risco de extinção.
Já a Caatinga, segundo maior bioma do Brasil e a mais
diversificada região semiárida do mundo, está presente em cerca de 2/3 do
território do estado. Metade dele já foi destruído pelo desmatamento, grande
parte pela ação de empresas que ainda utilizam a lenha como fonte de energia, a
exemplo das indústrias de exploração da gipsita, das olarias e das caldeiras
das lavanderias. Apenas 1% desse bioma está protegido. Apesar dos esforços dos
técnicos que trabalham na área, é tímida a ação dos governos estaduais das
últimas décadas.
A política de meio ambiente do Estado é mínima, com
uma secretaria criada há cerca de 4 anos, sem recursos para cumprir as exigências
dos planos nacionais e de baixo enfrentamento às agressões promovidas pelas
indústrias e empresas, especialmente no caso das usinas de açúcar e engenhos de
cana.
A maioria dos rios e manguezais continua sofrendo a
ação de poluentes, incluindo metais pesados, jogados principalmente por
empresas que ignoram as leis ambientais, mas também por prefeituras que jogam
lixo e esgoto nessas vias fluviais.
A região de Suape vem sendo agredida desde sua
criação, gerando um imenso desequilíbrio ambiental de futuro desastroso e
previsível, tudo feito sob os auspícios e o favorecimento do governo do Estado.
O uso descontrolado de agrotóxicos, incluindo a
pulverização aérea, vem causando danos irreparáveis aos diversos ecossistemas,
contaminando rios e mananciais.
Em Recife, um dos maiores manguezais urbanos do mundo,
o Parque Manguezal Josué de Castro, na Bacia do Pina, encontra-se seriamente
ameaçado, tanto pelos aterros de décadas como pela poluição agravada pela
construção da Via Mangue, da transformação dos riachos e canais em esgotos
sanitários e depósito de lixo. O fechamento do Aeroclube representou uma
vergonhosa manobra do governo, cuja real intenção foi a de favorecer a
especulação imobiliária.
Sobre a questão ambiental no Estado, o PCB propõe:
●
Instituir um plano de recuperação da Mata Atlântica e da Caatinga com a
implantação efetiva de medidas para a preservação da biodiversidade, entre
elas, a criação de Unidades de Conservação e Proteção, estaduais e municipais, o
reflorestamento obrigatório, em especial das matas ciliares, que possam
garantir a que se chegue, conforme indica a ONU, a 10% dos tamanhos dos biomas
originais;
●
Obrigar as propriedades que realizem o reflorestamento dos 20% da reserva
legal, conforme exige a lei;
●
Construção de Unidades Regionais de tratamento e reciclagem dos resíduos
sólidos, onde se tenha uma planta com aterro sanitário, unidade de compostagem
de resíduos orgânicos e pequenas indústrias de reciclagem, conforme exigem lei
e decreto de agosto de 2010 e cujo prazo se esgota agora em agosto de 2014, sem
que os municípios, estado e união tenham tomado medidas efetivas para cumprir a
legislação;
●
Utilização em larga escala de fontes de energia não poluentes, como a eólica e
a solar;
● Exigir que o Ministério Público Estadual e organismos de
fiscalização do meio ambiente, fiscalizem com maior rigor o uso de
agrotóxicos e adubos químicos e as contaminações decorrentes nos lençóis
freáticos e nos cursos d’água;
●
Obrigar a que todos os produtos alimentícios tragam
no rótulo se foi usado agrotóxico na produção, dando opção ao consumidor de
optar por produtos saudáveis;
●
Criação de Parques Ecológicos Regionais com jardins botânicos, sementeiras,
centros de educação ambiental, parque infantil, área de lazer, atividades
desportivas, ciclovias, trilhas ecológicas, unidade de triagem de animais
silvestres, escola de alfabetização ambiental em articulação com a rede de
estabelecimentos educacionais, entre outras;
●
Desenvolver, em parceria com o INCRA, uma política de recomposição florestal
nos assentamentos de reforma agrária (federal e estadual) e nos territórios de
uso tradicional das populações camponesas;
●
Apoiar políticas de proteção e desenvolvimento das populações indígenas,
quilombolas e ribeirinhas, para que sejam garantidas a propriedade de seus
territórios, suas tradições e melhoria das condições de vida;
●
Ampliar e garantir a aplicação dos percentuais relativos ao ICMS Socioambiental
para as unidades de conservação e para o adequado tratamento dos resíduos
sólidos;
●
Elaborar estudos e planejamento para proteção do ar, em especial nas áreas
urbanas de densa população;
●
Implantar uma efetiva ação para universalizar a prática de separação dos
resíduos sólidos recicláveis dos não recicláveis.
4. UNIVERSALIZAÇÃO DE DIREITOS AOS
SERVIÇOS PÚBLICOS
A Universalização de Direitos é a garantia de acesso
gratuito aos serviços públicos por parte de todos. Ninguém deve precisar pagar
diretamente para ter educação, saúde, segurança, transporte, previdência
social, acesso a justiça e lazer, pois toda a sociedade já paga através dos
impostos.
No capitalismo tudo vira mercadoria, inclusive
atividades fundamentais para o bem estar coletivo. Com a universalização, o
serviço público deve se concentrar no atendimento real das necessidades das
pessoas, não privando ninguém do direito de viver dignamente.
4.1. SAÚDE
No capitalismo, a saúde é tratada como mercadoria e
não como um direito da população. A assistência à saúde da população brasileira
é restrita e, em geral, de baixa qualidade. Apesar da adoção de ações
compensatórias, a política econômica dos governos federais dos últimos 20 anos,
além de precarizar a área da saúde, aviltou os salários dos trabalhadores que
conseguiram manter seus empregos. Os arautos da atual política econômica
conseguiram transformar a saúde em mais um nicho de mercado para o capital, favorecendo
o setor privado em detrimento do público. Agindo assim, tiraram recursos da
saúde, deixando a maioria da população em estado de indigência, e transformaram
o Sistema Único de Saúde (SUS) numa caricatura em relação ao que foi concebido
na sua origem.
O SUS é composto pelo Sistema Público de Saúde, que
deve atender a 150 milhões de pessoas, e pelo Sistema da Saúde Complementar
(privado), que atende a 50 milhões. Espantosamente, o dinheiro público
destinado ao Sistema Público é menor do que o do setor privado.
A resolução da questão da saúde não pode ser
confundida apenas com a construção de mais hospitais. É preciso combater as
causas que provocam as enfermidades, tais como a adoção de um eficiente
processo de tratamento da água potável, medidas preventivas para evitar doenças
transmitidas por animais (zoonoses), difusão educacional dos cuidados
preventivos e dos hábitos alimentares saudáveis, saneamento básico e coibição
do uso descontrolado de agrotóxicos.
Em Pernambuco, o governo dos últimos oito anos
colaborou com a desassistência da população e instituiu um processo de
privatização da saúde através das chamadas Organizações da Sociedade Civil de
Interesse Público (OSCIP). Usou dinheiro público para construir hospitais e os
entregou à Fundação de caráter privado, o IMIP. Esse processo arruinou os
postos de saúde, os hospitais públicos, os laboratórios e toda rede pública do
estado. A canalização dos recursos para o processo de privatização está na raiz
da escassez de verba para a saúde pública. Propomos:
●
Fortalecer a rede pública de assistência com aplicação de mais recursos,
priorizando a medicina preventiva, com ênfase na assistência primária;
●
Concurso público para todos os cargos da rede pública de saúde e instituição de
cursos de capacitação;
●
Democratizar as ações das DIRES (Direção Regional da Saúde) com a participação
de Conselhos Gestores, compostos por representantes das comunidades;
●
Ampliar os serviços da Farmácia Popular para todo o interior e investir
recursos na ampliação da planta do LAFEPE com o objetivo de baratear o custo de
vários medicamentos;
●
Criação de centros de tratamento da Saúde Bucal, de um programa específico de
assistência médica ao idoso na rede pública e ampliar os centros de assistência
pediátrica no estado;
●
Instituir e aprimorar o Programa de Saúde da Família para todo o estado;
● Implantação
de políticas públicas voltadas para o parto humanizado e resgatar o Programa
das Casas de Parto com a volta das parteiras comunitárias;
●
Incrementar o ensino de higiene pessoal e cuidados com a saúde na rede escolar
estadual;
● Aumentar a fiscalização das condições de trabalho dos
trabalhadores expostos aos agrotóxicos, desde a fabricação na indústria química
até a utilização na lavoura e o manuseio no transporte;
● Instituir uma política de desenvolvimento, pesquisa e produção
em medicina fitoterápica;
●
Obrigar para que todos os produtos alimentícios
tragam no rótulo se foi usado agrotóxico na produção, dando direito ao
consumidor de optar por alimentos saudáveis, cuja produção será incentivada a
partir de uma política de redução de impostos;
● Criação de um Hospital
Veterinário Estadual público, gratuito e de qualidade, socialmente
referenciada, que cumpra funções além das ambulatoriais.
4.2. EDUCAÇÃO
Não há país que se desenvolva plenamente sem contar
com um eficiente sistema educacional público e gratuito. A permanência do
modelo educacional brasileiro indica que esta meta jamais será cumprida. Dados
das Nações Unidas aponta que o Brasil aparece em oitavo lugar entre os países
com maior numero de analfabetos adultos. Segundo o IBGE, a taxa de
analfabetismo de pessoas de 15 anos ou mais foi estimada em 8,7%, o que
corresponde a 13,2 milhões de analfabetos no país. Este quadro não é diferente
em Pernambuco, que detém altos índices de analfabetismo e é um dos estados da
federação que pior paga os profissionais da área.
O que assistimos hoje é um processo de desmonte da
educação e uma das principais evidências deste sucateamento passa pela total
desvalorização dos professores, seja pela perda de direitos, pelos baixos
salários ou pelos obstáculos criados para dar condições a uma formação
continuada.
Os professores e demais profissionais da área
educacional enfrentam cotidianamente um processo de precarização da educação,
além de abusos das instâncias governamentais que vão desde o desvio de função
até a retaliação por participação nos seus movimentos reivindicatórios.
Os profissionais do Estado, onde mais de 80% são mulheres,
tem os salários cada vez mais rebaixados e sem planos concretos de carreira.
Isto sem falar nos contratos temporários (cerca de 20 mil), nos quais estes
profissionais são submetidos a salários inferiores, vivendo constantemente o
risco de descarte, precarizando e mesmo inviabilizando um plano de vide e
dedicação à educação.
A Educação básica em Pernambuco, sem a maquiagem
propagandeada pelo governo, é considerada calamitosa. Em um ranking do programa
internacional de avaliação de alunos (PISA), de 2012, o estado aparece com um
dos piores índices do Brasil, amargando o vigésimo terceiro lugar, só perdendo,
no nordeste, para o Maranhão (26º) e Alagoas (27º).
O estado não atende ao que manda a Lei de Diretrizes e
Bases da Educação Nacional (LDB) no que se refere à Educação Especial destinada
a alunos com deficiência. Há enorme carência de pessoal especializado,
dificultando o acesso dos alunos.
É urgente a construção de outro modelo de Universidade
que se relacione com o cotidiano da população, pois, além do fortalecimento do
setor privado no ensino básico e superior como política dos governos, percebe-se
claramente que os currículos, modelos pedagógicos, produção de ciência e
tecnologia e a extensão universitária estão pautados e direcionados pelos interesses
dos lucros do empresariado e da manutenção de privilégios. O resultado é uma
educação tratada como mercadoria voltada para atender as demandas do mercado e
não aos interesses do povo. Propomos:
● Por
uma educação pública, gratuita e de qualidade, incluindo também um amplo
programa de alfabetização de jovens e adultos;
● Promover a universalização
da educação integral em jornada integral, que incorporem novos conhecimentos,
saberes e tecnologia, e valorizem as diversidades social, cultural, ambiental, esportivas,
o conhecimento colaborativo e o fazer conectado com a vida cotidiana;
● Promover a qualidade da
educação por meio da formação inicial e continuada dos professores, do acesso a
novas tecnologias e da diversificação de currículos e de formas de avaliação;
● Valorizar os professores e
trabalhadores da educação com carreiras estruturadas e qualificação adequada às
demandas e aos desafios da sociedade;
● Coibir a prática de
contratações temporárias com a abertura imediata de concurso público;
● Contribuir de uma maneira
plural, democrática e horizontal para o debate, organização e articulação das
lutas por dentro e por fora das universidades situadas no Estado, em especial a
estadual, buscando integrar a criação/difusão de conhecimento de estudantes e
educadores com as pautas dos movimentos populares e da sociedade;
● Apoiar e fortalecer a luta
por uma educação no campo articulada com os movimentos agrários, estimulando a constituição de pólos de
pesquisa e desenvolvimento de educação do campo;
● Aumentar o investimento
financeiro para a compra direta de produtos da agricultura familiar destinados
à alimentação escolar.
4.3. DIREITO À CIDADE
A configuração das cidades na atualidade aponta para
um modelo marcado pela segregação da população de baixa renda nos subúrbios
mais distantes, dificultando sobremaneira os direitos fundamentais da cidadania
como educação, saúde, transporte, moradia, lazer, emprego, entre outros. Tudo
isso ditado pela especulação imobiliária para atender os interesses de
megaempresários mancomunados com o governo, não deixando espaço para
intervenção da população nas decisões. O espaço urbano é tratado como simples
mercadoria, havendo pouca ou nenhuma preocupação com a preservação do
patrimônio histórico, paisagístico e arquitetônico.
Ao lado do crescimento desordenado das cidades e do
acelerado crescimento demográfico, aparece o processo de “enobrecimento”
(gentrificação) de áreas abandonadas ou semiabandonadas propositadamente para
baratear os imóveis ali localizados, para em seguida serem alvo da especulação
imobiliária.
No Recife, um exemplo clássico desse processo de
gentrificação é o Projeto Novo Recife (Cais José Estelita), onde por meio de um
leilão questionável e sem nenhuma discussão com a população, um conglomerado de
empreiteiras comprou o local sob a benevolência do governo municipal. Sobre
este tema, propomos:
●
Criação de Conselhos Populares de novo tipo que possam discutir os caminhos
possíveis para o desenvolvimento sustentado das cidades, garantindo o direito à
moradia com qualidade de vida;
●
Elaborar um plano, com horizonte de dez anos, com objetivos, metas e previsão
de recursos anuais para eliminação do déficit habitacional do Estado;
●
Ampliação planejada das áreas de parques, praças, calçadas, ciclovias, e
espaços de convivência e lazer, museus e academias (de ciências, cultura e
esportes);
●
Instituição do IPTU progressivo, ou seja, todo grande imóvel não ocupado terá
taxa de IPTU mais cara a cada ano.
4.4. TRANSPORTE E MOBILIDADE
Transporte é um direito de cidadania e não um negócio
privado lucrativo como é no Brasil. É um setor que deve estar a cargo do Estado
que tem por obrigação oferecer transporte de qualidade e com passagens a preço
de custo.
Em Pernambuco a malha ferroviária, um transporte
seguro e barato, foi sucateada. Tudo é voltado para ampliação da malha
rodoviária. As obras de expansão dessa malha são voltadas para beneficiar os
grandes empreendimentos do setor privado, a exemplo da Via Mangue e do viaduto
Capitão Temudo.
O Recife, como outras cidades, é preparada para carros
e não para as pessoas. Na capital, circulam, diariamente, perto de um milhão de
veículos, resultando num trânsito caótico, ambiente poluído, maior tempo para
deslocamento para o ambiente de trabalho e muito estresse, tanto para
motoristas como para transeuntes.
Os chamados BRTs , tão propagandeados como solução
pelo governo e que não tiveram nenhuma participação dos usuários, já nasceram ultrapassados. As grandes cidades
começam a adotar o transporte denominado VLT (Veículo Leve sobre Trilhos),
rápido, barato e não poluente.
Rodovias que cortam o estado apresentam inúmeros
problemas de conservação devido ao material de péssima qualidade utilizado para
sua construção, mas com custos elevadíssimos. Muitas estradas vicinais estão
completamente tomadas por buracos, dificultando enormemente o deslocamento das
populações do interior e aumentando o custo da produção dos bens e serviços.
O Plano Diretor, de caráter consultivo e deliberativo,
destinado a ordenar o planejamento urbano, funciona de forma capenga. A lei do
uso do solo não é respeitada. Por outro lado, a composição dos Conselhos de
Desenvolvimento Urbano é desigual, uma vez que tem representação paritária
entre o poder público e a sociedade civil que inclui os empresários. A
sociedade, que não tem espaços formativos para discutir os impactos dos
projetos apresentados, participa apenas como linha auxiliar para legitimar os
interesses do poder econômico. Segue as nossas propostas para a questão:
●
Estatização dos transportes públicos sob controle popular;
●
Restauração progressiva da malha ferroviária no estado e utilização em larga
escala do transporte fluvial;
●
Recuperação imediata das estradas vicinais do interior;
●
Recuperação imediata e expansão da malha metroviária na Região Metropolitana;
●
Priorizar investimentos na interligação dos modais;
●
Ampliar os espaços de trânsito para pedestres, recuperação de calçadas e
melhorias de acessibilidade para as pessoas com deficiência;
●
Ampliação do passe livre para estudantes de todo o estado e também para os
desempregados.
4.5. DIREITOS HUMANOS
A plena vigência dos direitos humanos em qualquer
sociedade é impossível se não existir um Estado de direito e uma estrutura
política, econômica e social que permita garanti-los. Onde houver desigualdades
sociais haverá violações dos direitos humanos. Tanto maior essas desigualdades,
tanto maior será o número e a intensidade dessas violações. O Brasil ainda está
muito longe deste ideal e será irrealizável se o país permanecer nos marcos do
modelo capitalista, sistema essencialmente promotor de desigualdades e
mantenedor de uma cultura de violência.
Pernambuco apresenta índices alarmantes no que se
refere à violência urbana, sobretudo contra mulheres, negros e homossexuais. No
campo, persiste a espiral de violência contra os trabalhadores rurais e a
tentativa de criminalização dos movimentos agrários.
A violência policial, especialmente contra os pobres e
negros é outro lado sombrio da realidade do nosso Estado. A proliferação das
drogas pesadas, principalmente do crack, vem contaminando jovens adolescentes,
e até crianças, de forma avassaladora, desestruturando famílias e destruindo
vidas.
A atenção integral e prioritária a crianças e
adolescentes é dever de todos. No entanto, nas últimas gestões estaduais vários
problemas foram ladeados. A violência dentro das entidades de atendimento
socioeducativo da FUNASE, por exemplo, é tema recorrente nos noticiários. Não é
com mais casas de internação que o problema será resolvido. É preciso a
readequação e regionalização das mesmas.
Recursos ínfimos são destinados à Política de
Assistência Social que se mantém focalizada apenas nos espaços de extrema
pobreza. Neste âmbito, propomos:
●
Inserir o aparato governamental para lutar pelo fim da criminalização da
pobreza, dos movimentos populares e dos usuários de drogas hoje consideradas
ilícitas;
●
Capacitar delegacias da polícia para um combate direto a manifestações de
racismo e de homofobia;
●
Atuar na rede de educação criando uma política de combate sistemático ao
racismo em suas diversas formas e a homofobia;
●
Criação de entidades de atendimento especializadas a crianças e adolescentes
usuários de álcool e outras drogas;
●
Investimento na capacitação permanente dos agentes de proteção dos direitos da
criança e do adolescente;
● Abertura de concurso
público e valorização e qualificação permanente dos profissionais da
assistência social;
● Maior articulação entre as
políticas de assistência social com educação, saúde básica e de emprego e
renda, através de programas e ações em rede;
● Lutar
pela apuração e punição rigorosa para todos os crimes contra os direitos
humanos cometidos pela ditadura civil-militar, pela abertura de todos os
arquivos da ditadura e pela localização dos restos mortais dos desaparecidos
políticos.
4.6. SEGURANÇA PÚBLICA
A questão da Segurança Pública no Brasil apresenta um
quadro cada vez mais alarmante: aumento das taxas de criminalidade,
principalmente nos grandes centros urbanos; violência policial voltada,
sobretudo, para a população de baixa renda; superpopulação dos presídios;
péssimas condições das instituições destinadas à internação de jovens em
conflito com a lei; morosidade judicial. Estas, entre outras questões
relacionadas à segurança, configura um quadro de extrema gravidade.
Em Pernambuco, o governo reduz tudo o que se refere à
segurança a números. A chamada “sensação de segurança” não reina entre a
população, sobretudo a dos bairros periféricos das grandes cidades.
O propagandeado Pacto pela Vida tem o seu foco voltado
para os crimes violentos letais intencionais (CVLI), relegando a segundo plano
os CVP ou crimes violentos contra o patrimônio (roubos, furtos, assaltos), sem
contar a falta de apoio às ações de prevenção às drogas (patrulha escolar e o
programa educacional de redução às drogas - Proerd)
A Polícia Militar, mal equipada, mal capacitada e mal
remunerada, privilegia a repressão direta em detrimento de políticas
preventivas.
Nossas propostas:
● Adotar como eixo
principal de combate à violência o desenvolvimento econômico regional e ações
preventivas como a interiorização da patrulha escolar, mais apoio
ao proerd, além de fomentar projetos preventivos de cunho cultural e
desportivo especialmente destinado à crianças e jovens;
● Construção de prédios
próprios unificando as polícias civil e militar em todo o interior do estado,
acabando com a relação de dependência entre forças policiais e
prefeituras;
● Investir no policial
através de capacitações e formação adequada para servir ao povo pernambucano e
não aos governos.
● Adequar a ação da
polícia integrando-a ao dia a dia das comunidades de modo a que ela seja
respeitada e não temida pela população;
● Aparelhar adequadamente
as delegacias do interior e reforçar o efetivo da polícia civil, melhorando a
comunicação entre viaturas, destacamentos e batalhões através de um sistema
digital moderno;
● Tornar igual a
gratificação de risco de vida para todas as graduações e patentes na polícia
militar;
4.7. CULTURA
A cultura,
entendida como um conjunto de valores que inclui arte, costumes, tradições,
crenças, hábitos, legado histórico e conhecimentos, é a marca maior da
potencialidade de um povo, de uma nação. Lamentavelmente, no Brasil a cultura
também está mercantilizada.
Pernambuco é
provavelmente o estado brasileiro de maior diversidade cultural, caracterizado
por um riquíssimo acervo folclórico que inclui diversos tipos de danças, ritmos
e produção artesanal, além se ser berço histórico de artistas que se destacam
na literatura, poesia, artes plásticas, música, teatro, cinema, entre outras
manifestações culturais. Entretanto, os poucos investimentos beneficiam apenas
pequenos grupos. A maior parte dos nossos artistas não recebe nenhum tipo de
incentivo e passam por necessidades extremas para garantir suas sobrevivências.
A produção
cultural está majoritariamente voltada para realização de grandes eventos e não
na preservação do desenvolvimento integral da cultura, assumindo uma postura de
menosprezo das nossas tradições e na desvalorização dos nossos artistas.
É imperioso que
o Estado assuma a responsabilidade de revalorizar e dar condições de manutenção
e desenvolvimento da nossa rica tradição cultural, que envolve a literatura de
cordel, a xilogravura e as danças e ritmos populares como o frevo, o xaxado, o
maracatu, o caboclinho, o reisado, o cavalo-marinho, a marujada, o coco, os
ritmos afros, entre outros.
Da mesma forma é
necessário que a máquina estatal possa criar canais de incentivo e
financiamento para apoiar as iniciativas nos campos da literatura, das artes
cênicas e cinematográficas. O mesmo para a música popular e erudita, o rock, o
blues, o jazz, gêneros em que Pernambuco tem o privilégio de contar com
inúmeros grandes artistas.
Nossas
principais propostas são:
●
Consagrar uma política cultural pública e não mercantilizada que garanta o
acesso universal aos bens culturais com ampliação dos recursos e estrutura para
sua produção, disseminação e usufruto;
●
Fortalecimento da cultura popular, buscando, de forma permanente, a valorização
e o resgate histórico que refletem diretamente na autoestima e na afirmação da
identidade do nosso povo;
●
Desenvolver um programa de investimentos para apoio à produção artesanal e as
manifestações culturais regionais;
●
Criação de espaços públicos permanentes para apresentações artísticas;
● Revitalização
e manutenção dos museus, teatros, arquivos públicos, bibliotecas e espaços para
práticas esportivas;
●
Incluir na grade curricular das escolas públicas matéria sobre a cultura e as
tradições de Pernambuco;
4.8. ETNIAS
O extermínio de inúmeras nações indígenas ao longo dos
últimos cinco séculos, juntamente com a escravidão e a perseguição aos ciganos,
constitui uma das páginas mais vergonhosas da história do Brasil, especialmente
no nordeste, onde teve início a colonização propriamente dita.
Pernambuco é um estado com grande diversidade étnica.
É o quarto estado do Brasil em população indígena, distribuídos em 10
diferentes nações. Possui aproximadamente 120 comunidades quilombolas como
também um expressivo número de ciganos.
Apesar da heroica resistência desses povos em lutar
pelo direito às suas terras ancestrais e preservar seus costumes, tradições e
ritos, são, ainda hoje, vítimas de perseguições e preconceitos. A ação do Estado,
que tem como obrigação ética e moral apoiar esses povos, se resume a paliativos
de pouca relevância. As políticas públicas também não conseguem alcançar, por
descaso e por preconceito, as minorias dos afrodescendentes nos espaços
urbanos.
Em relação aos povos étnica e culturalmente
diferenciados do Estado de Pernambuco, propomos:
●
Criação de uma efetiva secretaria estadual que fique responsável pela
implantação imediata de políticas sociais dignas e diferenciadas para as
comunidades indígenas, quilombolas e ciganas no que diz respeito à educação,
saúde, meio ambiente, produção artesanal, entre outras;
●
Criar uma política de valorização da cultura e da identidade dos diversos
grupos étnicos, priorizando a demarcação de suas terras e controle sobre os
recursos naturais;
●
Pressionar o governo federal a concluir, em tempo determinado, os processos de
Demarcação / Homologação de todas as terras indígenas e dos territórios
quilombolas;
4.9. MULHERES
As diferentes configurações de violência contra as
mulheres – física, sexual, psicológica, econômica – esteve presente na
sociedade durante vários séculos. É apenas quando as mulheres se instituem como
sujeitos na esfera pública que a violência é revelada e denunciada como
dramático processo de dominação.
Apesar dos avanços conquistados nas últimas décadas,
as mulheres continuam sendo as principais vítimas de assédio moral no trabalho.
Submetidas muitas vezes à múltipla jornada de trabalho, ocupam os empregos mais
precarizados e menos remunerados. Essa realidade é ainda mais grave em relação
às mulheres negras.
No Brasil há mais de 8 milhões de trabalhadoras
domésticas, mas apenas dois milhões possuem carteira assinada. Também persiste
um inaceitável preconceito contra as mulheres negras no trabalho doméstico, aonde
chegam a receber metade dos salários das mulheres não negras.
O índice de violência contra as mulheres em Pernambuco
é um dos mais altos do país. O programa da Saúde da Mulher se resume, no geral,
apenas às questões reprodutivas (pré-natal).
A ilegalidade e criminalização do aborto têm provocado
anualmente milhares de mortes, principalmente entre mulheres pobres que não
vislumbram possibilidade econômica de poder criar filhos. A descriminalização e
legalização do aborto são, portanto, uma demanda social e de saúde e deve estar
aliada a adoção urgente de políticas públicas a partir da educação e saúde sexual e
reprodutiva, do planejamento familiar e uso de métodos anticoncepcionais,
assim como serviços de prevenção e atenção à saúde integral da mulher.
Nossas principais propostas são:
●
Obrigatoriedade de salário igual para trabalho igual entre homens e mulheres;
●
Dar apoio logístico e buscar formas de incentivos às organizações de atuação
política de mulheres;
●
Promover ampla discussão com a sociedade para instituir ações concretas para
por fim à discriminação de gênero;
●
Aprimorar a infraestrutura de apoio logístico às mulheres vítimas da violência,
viabilizando seu afastamento de lares onde sofram agressões e ampliando o
número de delegacias da mulher, garantindo-lhes plenas condições de
funcionamento;
●
Combater a utilização pela mídia da mulher como objeto sexual, assim como
proibir as peças publicitárias de erotização da infância.
4.10. JUVENTUDE
O século XX revelou para a sociedade a organização
política e social dos jovens mostrando a importância e o potencial desse
segmento na transformação da realidade. Com o passar dos anos e as necessidades
crescentes da juventude, à qual não tinha como pautar as suas demandas
especificas, começou a se organizar um processo de construção da sua identidade
social e política, em busca de uma melhor compreensão do que era ser jovem e
como reivindicar seus direitos gerais e específicos.
Na atual conjuntura do Estado de Pernambuco, marcada
pela fantasia do crescimento econômico e da máquina ilusória de propaganda
populista do governo, a juventude passa despercebida e a maioria de suas
demandas não é levada em conta. Tal descaso resulta no abandono em que a
maioria dos jovens do Estado se encontra, vitimada pelos altos índices de
violência e extermínio, principalmente contra a juventude negra, pela falta de
investimento na formação técnica/profissional, gerando a exclusão do trabalho
qualificado, o que os empurra para o trabalho precarizado oriundo das
terceirizações, sem contar com a baixa qualidade do ensino oferecido pelo Estado,
o que interfere sobremaneira na acessibilidade ao ensino superior e às
profissões melhores remuneradas. Nossas propostas são:
●
Formação e qualificação técnico/profissional priorizando a educação técnica;
●
Fortalecimento dos conselhos populares de juventude;
●
Implantação de políticas públicas especificas para a juventude do campo;
●
Lutar para que as chamadas casas de correções de menores em conflito com a lei
sejam cada vez mais educacionais e não se transformem em escola do crime;
●
Lutar pelo fim da violência contra a juventude e contra a redução da maioridade
penal.
5. SOLIDARIEDADE INTERNACIONAL
A luta pela paz mundial, a solidariedade
internacionalista e a defesa do direito dos povos à autodeterminação sempre
estiveram presentes no ideário e nas ações dos comunistas. Em um mundo cada vez
mais interdependente, a conquista da paz e a libertação dos povos de quaisquer
formas de opressão é, antes de tudo, uma exigência da realidade mundial
contemporânea.
O princípio da autodeterminação significa garantir a
qualquer povo, o direito de determinar, quando e como deseje, o seu estatuto
político e o seu próprio caminho para o desenvolvimento econômico, social e
cultural, sem pressões ou ingerências externas.
Pernambuco teve, ao longo de sua história, uma honrosa
tradição de solidariedade internacionalista que precisa ser resgatada nos
tempos atuais. Neste sentido, propomos:
●
Desenvolver intenso intercâmbio cultural e informativo com os diversos países e
povos do mundo, especialmente os da América Latina;
●
Apoio e incentivo a formação de entidades de solidariedade internacional;
●
Criação de uma escola de idiomas pública e gratuita;
●
Promover ações de solidariedade aos países vítimas de agressões imperialistas;
●
Apoiar e desenvolver ações de solidariedade aos povos que lutam pelo seu
inalienável direito à autodeterminação, a libertação nacional e a independência
como os povos da Palestina, Curdistão, Saara, País Basco, Porto Rico, entre
outros.
●
Incentivo para a abertura de novos Consulados no Estado;
●
Desenvolver uma política de acolhimento e acompanhamento dos migrantes que se
encontram no Estado;
●
Criação da Casa das Nações, espaço público para divulgação da história,
costumes e tradições dos diferentes povos e nações do mundo, contendo
permanentes programações culturais e formativas.
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